sábado, 1 de maio de 2010

Investimento em ações: o que são Small Caps, Middle Caps e Blue Chips?


Uso a classificação abaixo para dividir as empresas listadas na Bolsa.

Small Caps (pequena capitalização de mercado): empresas com valor de mercado de até R$500 milhões
Middle Caps (média capitalização de mercado): companhias com valor de mercado entre R$500 milhões e R$10 bilhões
Blue Chips (grande capitalização de mercado): empresas com valor de mercado acima de R$10 bi.

Para calcularmos o valor de mercado de uma empresa, temos:

Valor de Mercado = total do número de ações x cotação de hoje das ações

A seguir, falo um pouco das características delas.

As Blue Chips são aquelas empresas enormes que todo mundo conhece: Petrobras, Itaú, Vale do Rio Doce etc. No geral, elas têm grande partipação ou mesmo liderança de mercado no segmento em que atuam. Já cresceram muito (salvo exceções, foram pequenas e médias empresas no passado) e o seu espaço para expansão de mercado geralmente é limitado (crescimento via fusões e aquisões é uma exceção). Pensemos o seguinte, quais as chances de uma empresa que vale dezenas ou centenas de bilhões de reais crescer de forma acelerada, 5 ou mais vezes em um espaço de tempo de 5 ou 10 anos? Pequenas. Por isso, as ações dessas companhias tendem a ter uma valorização mais lenta ao longo do tempo. Outras características: são as queridinhas do mercado (ex: praticamente, toda corretora tem um ou mais analistas q só estudam Petrobrás e Vale do Rio Doce), possuem um grande número de acionistas, entre eles encontramos muitos grandes investidores (fundos de investimento, fundos de pensão, instituições financeiras, outras empresas) brasileiros e estrangeiros, como também grandes investidores pessoa física. Normalmente são boas pagadoras de dividendos. Nos momentos de crise na bolsa, as suas ações tendem a ser aquelas que mais caem, pois boa parte dos seus acionistas geralmente não tem a visão de sócios de um negócio, enxergando as ações apenas como papéis a serem vendidos durante uma as crises ou em qualquer sinal delas, independente dos fundamentos da empresa. As ações destas empresas só valem à pena serem compradas nos momentos de crise. A partir de uma desvalorização mínima de 30%, elas começam a tornar-se atrativas. Passadas as crises, a recuperação no seu preço tende a ser rápida. Por fim, suas ações têm alta ou altíssima liquidez, ou seja, é possível comprar e vender milhões de reais delas em um mesmo dia. Como tais companhias são muito conhecidas, analisadas e estudadas, a quantidade de informações disponíveis a seu respeito é enorme e de fácil acesso.

As middle e small caps são empresas desconhecidas ou pouco conhecidas do grande público. Possuem um pequeno número de acionistas quando comparadas às blue chips. Normalmente, grande parte das ações estão nas mãos do fundador, da sua família e de investidores que são próximos (que têm algum relacionamento) da empresa. Alguns poucos fundos de investimento e instituições financeiras também investem nas ações destas empresas: estamos falando de investidores com uma estratégia de investimento de longo prazo e enfoque fundamentalista que, não coincidentemente, estão entre os mais bem-sucedidos do mercado financeiro, graças a um histórico de resultados consistentes (acima da média do mercado). Outras características: normalmente possuem um bom espaço para expandir o seu mercado e, assim, desenvolvem esforços e investem intensamente no seu negócio para conquistarem mercado; no geral, pagam menos dividendos do que as blue chips; em sua maioria, não apresentam liquidez para operações diárias de milhões de reais com suas ações. Porém, oferem liquidez para operações de dezenas e centenas de milhares de reais. Estes tipos de empresas tendem a estar subavaliadas na bolsa brasileira, pois o mercado de ações brasileiro é bastante ineficiente nestas categorias. São as empresas que apresentam potencial para crescer rapidamente: várias vezes num período entre 5 a 10 anos. Observamos em algumas delas um claro movimento rumo a profissionalização, o que é muito positivo, porque um negócio profissionalmente administrado tende a ser mais eficiente e competitivo. Nos momentos de crise, suas ações tendem a cair menos por não terem um grande número de acionistas  e pelo fato dos seus acionistas serem próximos da empresa e verem-se como sócios dela. Portanto, eles têm um comprometimento e uma visão de longo prazo para com o investimento, não vendendo suas ações em momentos de crise. Não são poucas as informações existentes sobre estas empresas, porém tais informações são pouco divulgadas. Cabe ao analista de empresas saber onde encontrar estas informações.

Como obtemos informações das empresas e dos seus segmentos econômicos de atuação?

1- Visitas às empresas e conversas com pessoas que trabalham nelas ou que tenham proximidade e relacionamento com elas (ex: fornecedores).
2- Conversas com pessoas que trabalhem na concorrência.
3- Toda empresa com ações negociadas no mercado é obrigada pela legislação a disponibilizar a cada três meses e anualmente (resultado consolidado de 4 trimestres) uma série de informações ao público (demonstrações contábeis, relatórios escritos pelos administradores das empresas, pareceres dos auditores independentes, nome e cv dos administradores e dos membros dos Conselhos de Administração e Fiscal etc) que estão disponíveis no site da Bovespa, http://www.bovespa.com.br/ .
4- O próprio site das empresas é uma importante fonte de informações. Hoje, muitas companhias têm uma área de "relações com investidores", onde disponibilizam informações que acreditam ser do interesse dos acionistas e outros investidores interessadas em investir na companhia.
5- Publicações especializadas do segmento econômico em que a empresa atua: elas trazem uma riqueza de informações (situação atual e tendências do mercado, inovações, desafios etc). 
6- Sites de associações que representem um grupo de empresas de um mesmo segmento econômico. Exemplo: os sites da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e do SINDPEÇAS (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) talvez sejam as fontes mais completas de informações sobre as indústrias automobilística e de autopeças. 
7- Jornais da localidade onde a empresa está instalada.

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