terça-feira, 16 de março de 2010

Dúvida de Investidora: "Como minhas ações não sobem, será que devo vendê-las?" - Parte III

Hoje, fechamos esta série de três posts tratando do item 3 abaixo:

3. Durante o período que manteremos o nosso dinheiro investido em ações, caso a ação suba, temos definido um percentual mínimo de alta para ela que nos deixará satisfeitos, a ponto de cogitarmos a sua venda? Caso a ação venha a cair no período, qual é a queda máxima que nos dispomos a aguentar, antes de vendê-la?

Ter objetivo é fundamental para o sucesso em investimentos em ações. 

Assim como é necessário ter bem clara a razão do dinheiro estar aplicado e o tempo planejado para tal fim, precisamos definir antes de investi-lo metas de resultado (para as altas nas cotações) e de proteção (para as quedas nas cotações). 

Sugiro-lhe definir uma meta anual de retorno para as suas ações, de acordo com duas premissas:

-o potencial de alta das ações estimado por você através da análise de alguns indicadores financeiros e qualitativos da empresa;

-o percentual de retorno (a rentabilidade) mínimo que você deve receber por investir o seu dinheiro no mercado de ações, um mercado de renda variável em que há risco. Este percentual deve ser superior à soma da rentabilidade de aplicações de baixo risco (como os títulos públicos) com a inflação.

Você precisa também estipular um percentual de queda máximo que se dispõe a aguentar para minimizar possíveis prejuízos financeiros. Tal prática é conhecida no jargão do mercado como "stop loss" (cortar prejuízos, em uma tradução livre). Uma observação que gostaria de fazer: lembre-se que para recuperar uma queda de x% no preço das suas ações, você terá de obter uma alta de 2x%. Exemplo: Uma ação cujo preço despencou de R$10,00 para R$5,00 (queda de 50%) deverá subir 100% para recuperar a cifra de R$10,00.

Se você fixou que uma queda de 20% no preço das suas ações é o seu limite, venda-as caso elas atinjam tal perda. Quem não usa "stop loss" está sujeito a sofrer prejuízos significativos, pois não temos como prever qual é o piso de queda que uma ação pode chegar.


domingo, 14 de março de 2010

Dúvida de Investidora: "Como minhas ações não sobem, será que devo vendê-las?" - Parte II









Dando continuidade, falo hoje do item 2.


2. Por quanto tempo pretendemos deixar o nosso dinheiro investido nas ações da empresa e qual o motivo de investirmos os nossos recursos em suas ações?

Ao ter um sistema de monitoramento periódico das empresas nas quais investe, você continuará de posse das ações delas enquanto concluir, após cada monitoramento, que as perspectivas de médio a longo prazos continuam positivas. 

Acho importante também fazer o seguinte parênteses: como as empresas dificilmente alcançam resultados no curtíssimo e curto prazos, sugiro que você, após analisar uma empresa e decidir investir nas ações dela, deixe o seu dinheiro aplicado nelas por pelo menos 1 ano e tente se ver como sócio da cia. e não apenas como dono de um papel.

Agora, você as venderá, caso as perspectivas deixem de ser animadoras, assim como quando atingir o tempo programado (você precisa tê-lo definido antes de aplicar o seu dinheiro) para o investimento em ações.

Este tempo programado tem relação direta com o porque você investiu em ações: não temos como estabelecer o tempo que deixaremos o nosso dinheiro investido sem saber por qual razão ele está aplicado.

Todo investimento precisa ter um objetivo claro pré-definido pelo investidor. Já conversei com pessoas que dizem investir o dinheiro delas para vê-lo crescer ou para terem segurança e tranquilidade financeira no futuro (um tanto vago, não acham?). 

Quando o objetivo para o investimento não está claramente definido, limitamos bastante o potencial do nosso dinheiro atingir uma rentabilidade satisfatória e as chances de sofremos prejuízos financeiros aumentam muito também. Quem não sabe aonde quer chegar, não consegue ter foco e desenvolver um plano de ação que o conduza até o seu objetivo, mas sim está sujeito a tomar decisões equivocadas e nocivas ao seu dinheiro à medida que surgem os desafios e as dificuldades no meio do caminho.






sábado, 13 de março de 2010

Dúvida de Investidora: "Como minhas ações não sobem, será que devo vendê-las?" - Parte I

Outro dia, conversava com uma investidora que estava descontente com as ações do Banco do Brasil (BBAS3), compradas há 6 meses.

Ela me contou que o valor das ações manteve-se praticamente estável no período. Assim, ela estava em dúvida se as vendia ou não, dizendo: "Poxa, comprei as ações há 6 meses e elas subiram tão pouco! Será que devo vendê-las? ".

Esta é uma dúvida frequente dos investidores. Para decidirmos se vendemos ou não as ações de uma empresa, devemos avaliar os seguintes aspectos:

1. Os motivos que nos levaram a comprar as ações de uma determinada empresa continuam válidos?

2. Por quanto tempo pretendemos deixar o nosso dinheiro investido nas ações da empresa e qual o motivo de investirmos os nossos recursos em suas ações?

3. Durante o período que manteremos o nosso dinheiro investido em ações, caso a ação suba, temos definido um percentual mínimo de alta para ela que nos deixará satisfeitos, a ponto de cogitarmos a sua venda? Caso a ação venha a cair no período, qual é a queda máxima que nos dispomos a aguentar, antes de vendê-la?

Hoje, falarei do item 1 e nos próximos dois posts dos demais.

1. Os motivos que levaram um investidor a comprar as ações de uma determinada empresa continuam válidos?

Antes de tratar deste item, gostaria de fazer algumas observações: todo investidor precisa buscar entender a empresa e o mercado no qual ela atua antes de adquirir suas ações. Precisamos acabar com o mito de que analisar uma empresa e o seu mercado são atividades complexas que apenas os profissionais do mercado de ações são capazes de realizá-las. Em posts futuros, mostrarei como o investidor comum, aquele que não é profissional de mercado, pode desenvolver uma ótima compreensão de uma empresa e do seu mercado, tendo, assim, condições de tomar uma decisão se investe nas ações dela ou não.

De volta ao nosso item 1, você, investidor, deve avaliar periodicamente se os motivos que te levaram a comprar as ações de uma empresa permanecem válidos. 

Sempre após a divulgação dos resultados trimestrais, analiso como foi o desempenho das empresas nas quais invisto no período e também como se comportaram os segmentos econômicos nos quais elas estão inseridas. Para analisar a performance das companhias, leio os relatórios trimestrais que elas emitem, vejo o balanço e comparo os números atuais com os do trimestre anterior, bem como posso vir a fazer contato com as áreas de relações com investidores delas para mais esclarecimentos. Já para os mercados em que elas atuam leio relatórios elaborados pelas associações de classe (trazem informações sobre o desempenho do setor, suas perspectivas e potencialidades), pelas corretoras/bancos e pelas consultorias especializadas em investimentos e análise econômica de mercados, como a Lafis http://lafis-br.blogspot.com/, além de normalmente os seus relatórios trimestrais também trazerem algumas informações sobre eles e os profissionais de relações com investidores também serem fontes importantes de informações.

Então, investidor, é fundamental você monitorar frequentemente a evolução dos negócios das empresas que  investe, como também dos mercados em que elas atuam. Assim, você verá se as perspectivas permanecem positivas ou não para os próximos meses ou anos. Se concluir que as perspectivas não são animadoras, o melhor a fazer é vender as suas ações e buscar outras empresas para avaliar e investir. 

Você tem o hábito de monitorar o desempenho das empresas nas quais investe? Como você faz?

sábado, 6 de março de 2010