sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Você dá a devida atenção aos riscos quando investe em ações?

Quando analisamos uma empresa que pode vir a ser um novo investimento, tendemos a nos concentrar além do que deveríamos nas oportunidades de crescimento futuro para a cia. em questão. Isso acaba ofuscando o nosso olhar, pois passamos  a não dar a devida atenção aos riscos potenciais que a empresa pode enfrentar e que podem comprometer a sua performance.

Creio que é da natureza humana supervalorizar os pontos positivos e as potencialidades de mercado existentes para uma empresa, assim como a subavaliar os riscos que podem ameaçar o desempenho do negócio. O ser humano tem dificuldade em lidar com riscos e problemas em potencial, porque eles geram emoções negativas e medos que o nosso cérebro está programado para tentar evitar.

Quando vou avaliar uma empresa, tento equilibrar os pontos positivos-oportunidades de crescimento com os riscos. Darei o exemplo de uma empresa que comecei a analisar há alguns dias, o Paraná Banco.

Lendo os relatórios da administração do Banco e estudando um pouco da dinâmica de funcionamento do segmento de Bancos Pequenos e Médios (BPM), destaco os seguintes pontos positivos e oportunidades em se investir nas ações do Paraná:

-atuação no mercado de seguros e resseguros - especificamente, ele opera em um nicho em seguros para projetos de infra-estrutura onde possui liderança de mercado e grande know-how;
-forte presença no segmento de crédito ao consumidor, especialmente crédito consignado;
-como o crédito corporativo voltado a pequenas e médias empresas possui uma participação ainda pequena na carteira de crédito total do banco e existe um grande potencial de crescimento nos próximos anos para o crédito corporativo no país, o Paraná deseja crescer rapidamente neste mercado. Uma amostra disso é a informação que consta no relatório da administração do ano de 2009 em que a instituição informa que contratou 15 pessoas para trabalhar na sua área de crédito corporativo.
-agilidade na execução das suas operações.

Agora, falemos de riscos em potenciais que podem limitar o crescimento do Paraná:

-o mercado de crédito direto ao consumidor está cada dia mais competitivo com a atuação agressiva de grandes bancos, como Banco do Brasil, Bradesco e Itaú-Unibanco;
-novamente a concorrência crescente com os grandes bancos em crédito corporativo a pequenas e médias empresas, assim como no mercado de seguros é um desafio aos BPM;
-instituições de grande porte possuem uma capacidade e um custo de captação de recursos que os BPM nem de longe têm;
-os grandes bancos estão operando cada vez mais em nichos tradicionalmente trabalhados pelos BPM;
-O Paraná faz parte do Nível 1 de Governança Corporativa da Bovespa. Poderia ter uma governança melhor, estando no Novo Mercado.

Nossas decisões de investimento devem ser conduzidas o máximo possível de maneira racional. Deveriam ser 100% racionais, porém me parece impossível nos desvencilharmos totalmente da influência das nossas emoções.

Então, para que as nossas análises e decisões sejam conduzidas da forma mais racional possível, é importante o investidor ter um método de investimento que defina critérios de investimento e desinvestimento, bem como   objetivos de resultado.

Assim, teremos um entendimento apropriado das oportunidades e riscos de uma empresa e estaremos preparados para tomar uma decisão de investimento com segurança.

Ao avaliar uma empresa, não esqueça de se perguntar várias vezes "Estou dando a devida atenção aos riscos?".

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ainda há ações baratas na Bolsa - Perspectivas positivas para as empresas e a economia brasileira no longo prazo


A grande maioria das ações das gigantes que compõe o Ibovespa, assim como boa parte das empresas de médio e pequeno porte, estão superavaliadas e creio que muitas delas poderão passar por uma correção de preços em breve, com quedas que aproximem o preço de suas ações do valor justo.
Existem ainda algumas ótimas oportunidades de empresas excelentes de médio e pequeno porte cujas as ações estão subavaliadas. Se no auge da crise, último trimestre de 2008 e primeiro de 2009, havia uma quantidade grande de empresas excelentes negociadas a preço de banana, hoje o investidor precisa ser ainda mais rigoroso e seletivo nas suas análises para identificar as ótimas oportunidades.
Como falei no post anterior, no curto prazo, o cenário para a Bolsa tende a ser volátil. Sou da opinião que o investidor em ações deve usar ativamente ordens de stop loss. Eu, por exemplo, daqui para frente venderei aquelas ações que caírem 10%. Quanto antes cortamos as perdas, melhor. 
Porém no longo prazo (acima de 3 anos), as perspectivas são bastantes positivas para a economia brasileira e, principalmente, para muitas empresas com atuação voltada ao mercado interno e a projetos de infra-estrutura.
Acredito que os próximos 5 a 10 anos poderão estar entre os melhores períodos para investimentos em ações da nossa história, porque somos um país a ser construído, que está apenas no começo do seu desenvolvimento. Algumas tendências que poderão impactar positivamente os investimentos em ações neste período:
-crescimento acelerado e inclusão da Classe C ao mercado consumidor brasileiro;
-continuidade do aumento do poder de compra da Classe C e da classe B com a manutenção da inflação sob controle e dos reajustes do salário acima desta;
-o rápido crescimento do crédito, tanto habitacional como corporativo (especialmente para empresas de pequeno e médio portes); 
-investimentos públicos e privados em infra-estrutura que visam preparar o país para a Copa do Mundo e as Olimpíadas;
-uma inclusão digital cada vez maior da população - o processo de universalização do acesso a internet em curso poderá se concretizar muito antes do que imaginamos.

Quem investir em ações com horizonte de longo prazo poderá ter muitas alegrias!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Bolsa volátil no curto prazo

No curto prazo (considero de 1 a 1 ano e meio daqui para frente), acho que a Bolsa estará bem volátil, pelos seguintes motivos:

-problemas macroeconômicos em algumas economias que estão em recessão e com um endividamento público elevado, como Espanha, Itália e Grécia;
-a economia dos EUA continuará em lento processo de recuperação. Embora o paciente não mais esteja na UTI respirando por aparelhos, ele continua em tratamento na Semi-UTI. Inclusive, o Governo Obama tem dado sinais de que suspenderá ao longo do ano os incentivos e investimentos públicos a economia;
-a tendência de maior regulamentação do mercado financeiro pelo Governo dos EUA pode ser outro fator de instabilidade;
-mudanças no câmbio, a evolução da inflação e possíveis restrições ao crédito na China também são ameaças.

Mas embora a Bolsa tenda a estar bastante volátil no curto prazo, não acredito em quedas acentuadas de mais de 40% como vimos no final de 2008 e início de 2009. A maioria dos analistas projeta Ibovespa em alta este ano e para eles se as quedas ocorrerem serão por volta de 15 a 20%.

Você também acha que a Bolsa estará volátil no curto prazo? Quais outros motivos poderiam impactá-la na sua opinião?