sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Música na Capoeira



Por Mestre Nelson de Souza Aguiar* e Eduardo Villela

No texto de hoje, falaremos um pouco sobre a música na capoeira. Primeiro, discutimos o porquê da musicalidade presente na capoeira. Num segundo momento, apresentamos os instrumentos que usamos no jogo.

Os movimentos da capoeira (chutes, rasteiras, esquivas, cabeçadas, golpes com as mãos e outros) surgem como forma de resistência do negro à escravidão. Se os escravos praticassem tais movimentos abertamente e diretamente, como tradicionalmente é o treinamento de outras artes marciais, eles seriam duramente repreendidos pelos senhores de engenho, fazendeiros de café e seus homens de confiança (feitores e capitães-do-mato).

Assim, os negros combinaram os movimentos com suas tradições musicais e de dança, dando a capoeira um disfarce, para que tivesse condições de ser praticada e se desenvolvesse. “Como modalidade de luta, a capoeira era treinada nas fazendas como coreografia que simulava uma dança inocente aos olhos dos feitores e senhores de engenho. (...) De acordo com a Enciclopédia Barsa, o acompanhamento musical, usado ainda hoje nas rodas de capoeira, era uma forma de os escravos camuflarem a sua verdadeira intenção, que era ‘exercitar-se para enfrentar, em época oportuna, o braço armado do branco’.”[1]

Em relação aos instrumentos, a capoeira é formada por: berimbau, atabaque, pandeiro, reco-reco e agogô. Estes instrumentos tocados em conjunto proporcionam a harmonia e a beleza das cantigas e ladainhas as quais dão o ritmo dos movimentos dos capoeiristas na roda.
Pratique capoeira e acrescente alegria e anos a sua vida!

*Mestre de capoeira e diretor do Grupo Ginga Paulista. É registrado no Conselho Regional de Educação Física (CREF), ensina e pratica esta arte há mais de 25 anos, além de ter sido diretor de arbitragem da Federação Paulista de Capoeira. Contato: (11) 9337-0232

[1] LIMA, Mano. Dicionário de Capoeira. Brasília, março de 2006. 2ªedição revista e ampliada, 208p.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Os Benefícios da Capoeira

Pratico Capoeira há 4 anos e a partir de hoje toda sexta terei uma coluna de Capoeira aqui no blog. Publicarei textos escritos em co-autoria com o meu mestre.

Boa Leitura!

Abraços,

Dudu

Os Benefícios da Capoeira
Nelson de Souza Aguiar* e Eduardo Villela

A capoeira é cultura brasileira, arte marcial, dança, jogo, brincadeira, alegria e amor.

A sua pratica traz vários benefícios para o ser humano.

Na parte física, a capoeira é um dos esportes mais completos que existe, pois, através de uma riqueza de movimentos (trabalha-se os braços, as pernas, a cabeça e todas as articulações do corpo), ela proporciona os seguintes benefícios:

•melhora o condicionamento físico, contribuindo para a boa saúde e o aumento da longevidade;
•controle emocional, diminuindo a agressividade, a ansiedade e o estresse;
•em crianças, ajuda no seu crescimento e desenvolvimento físico;
•melhora a coordenação motora, desenvolvendo o reflexo e o raciocínio rápido;
•elimina o excesso de peso.

Em relação à formação do aluno, a capoeira desenvolve a disciplina, a persistência, o respeito, a comunicação e a integração social. Não existe discriminação de raça, idade e crenças religiosas. Qualquer pessoa pode praticá-la.

No dia-a-dia dos profissionais, a agilidade, a malícia e o jogo de cintura, características tão praticadas em uma roda de capoeira, ajudam-nos a lidar melhor, de uma forma criativa, com os desafios que surgem a todo momento no ambiente de trabalho.

A capoeira é a arte da paz. O seu grande objetivo não é vencer ou machucar o outro, mas sim nos preparar para vencer a luta da vida. Em outras palavras, preparar-nos para superar as dificuldades da vida, a fim de que sejamos pessoas realizadas e felizes.

Pratique a capoeira e acrescente alegria e anos a sua vida!

*Mestre de capoeira e diretor do Grupo Ginga Paulista. É registrado no Conselho Regional de Educação Física (CREF), ensina e pratica esta arte há mais de 25 anos, além de ter sido diretor de arbitragem da Federação Paulista de Capoeira.
Contato: (11) 9337-0232

terça-feira, 16 de junho de 2009

Viagem à Coreia do Sul

Sou membro e pesquisador do Grupo de Estudos da Ásia-Pacífico (GEAP) da PUC/SP. Nele, estudamos política, economia e gestão dos países a seguir, assim como suas relações com o Brasil: China, Coréias, Japão e países do Sudeste Asiático. Para mais informações sobre o trabalho do GEAP-PUC/SP, acessem www.pucsp.br/geap .

Devido às atividades que realizo no GEAP-PUC/SP, em 2005 tive a oportunidade de viajar para a Coréia do Sul.

Logo ao retornar ao Brasil, escrevi o texto abaixo, onde falo da cultura coreana e o que nós brasileiros podemos aprender com os coreanos.

Boa leitura!

Abraços,

Dudu

Coréia: uma visão brasileira
No presente texto, faremos um relato e algumas reflexões sobre a cultura da Republica da Coréia (ou Coréia do Sul), tendo por base recente viagem de 14 dias a este país. Falaremos um pouco também sobre o que nós brasileiros podemos aprender com o povo coreano.

1. A Família Coreana

Ficamos em uma casa de família durante alguns dias. Na “nossa família”, o casal, um homem de 38 anos e uma mulher de 35, tinha duas crianças: uma menina de 6 anos e um garoto de 9 anos. O “nosso pai” é um pequeno empresário que trabalha de segunda a sábado, saindo de casa às sete horas da manhã e chegando às dez da noite, de segunda a sexta-feira, e no sábado trabalha das sete ao meio-dia ou uma hora da tarde. Tira apenas, uma vez por ano, 5 dias de férias. “Nossa mãe” é uma dona de casa. Aqui, observamos uma primeira característica dos coreanos (e do asiático de uma forma geral): são extremamente organizados, dedicados e disciplinados para o trabalho.

Conversávamos apenas com o “nosso pai”, pois “nossa mãe” e as crianças não falavam inglês. Ele nos contou que com a rápida modernização e o desenvolvimento econômico do país nas últimas quatro décadas tem diminuído o número de casamentos e que o número de membros do núcleo central[1] da família é cada vez menor. Hoje, o homem e a mulher coreanos constituem uma família tardiamente, porque é preciso desenvolver antes a carreira. Embora os serviços públicos no país sejam excelentes (principalmente, a educação), criar um filho custa caro. Inclusive, muitas jovens coreanas não pretendem se casar, focando e concentrando os seus esforços e atenções na sua carreira.

As famílias coreanas estão bastante influenciadas pela cultura ocidental. Religiosamente, dos 50.7% dos coreanos que professam uma fé religiosa, de acordo com uma pesquisa de 1995, 39% são protestantes e 13% católicos[2]. É comum ver pessoas fumando e bebendo. As pessoas se vestem como em qualquer grande cidade do ocidente: usam jeans, camiseta, terno, tênis, óculos escuros e etc. Na “nossa família”, “nosso pai” fumava, bebia, tomava café, não era religioso e todos se vestiam com jeans, camiseta, sobretudo, tênis. O interior de boa parte das residências é composto por muitos eletrodomésticos, mesas e camas com boa distância do chão como no Ocidente. Assim é a casa de “nossa família” coreana. O futebol é um esporte apreciado nacionalmente. Os coreanos são realmente fanáticos. Ao chegar a casa de família, encontramos o “nosso irmãozinho” jogando futebol.

Mas se por um lado há tal influência dos valores ocidentais, por outro os coreanos preservam várias tradições da sua cultura. A sua alimentação é totalmente tradicional, a base de sopas, cozidos, vegetais, arroz, peixes, carne de porco, frango, soja (tofu), com quase tudo extremamente apimentado. Entre as bebidas alcoólicas mais apreciadas estão o vinho e o Whisky de arroz. Nas festas familiares (casamentos, funerais e aniversários, por exemplo), todas as pessoas usam vestimentas tradicionais, como o hanbok, um equivalente ao kimono japonês. O “nosso pai” nos mostrou o álbum de fotos da família. Na festa de aniversário de sua filha, todos estavam vestidos em trajes tradicionais. Assim como no Japão, há a tradicional cerimônia do chá, em que muitas famílias praticam e as crianças a aprendem durante a sua educação. Os esportes tradicionais, como o Taekwondo, são largamente praticados e valorizados no país.

2. A TV, a universidade e os anúncios e propagandas nas ruas de Seul

Na televisão, na universidade e nas ruas de Seul, há também uma influência do Ocidente.
Assistimos a vários canais da TV coreana. Encontramos programas de auditório similares aos brasileiros “Domingo Legal”, “Raul Gil”, “Faustão” e “Silvio Santos”. Em um canal voltado ao público jovem, vimos a apresentação de um grupo de música coreano que é uma cópia dos norte-americanos “BackStreetBoys”. Em relação aos filmes, há uma forte presença do cinema americano. Em vários comercias de empresas coreanas na TV, vemos modelos ocidentais atuando.

Em andanças pelas ruas de Seul, vimos também diversos anúncios e propagandas protagonizados por pessoas ocidentais. O curioso foi quando passamos na frente de uma academia de ginástica e vimos um pequeno outdoor com a imagem de um modelo ocidental, um homem loiro que poderia ser um alemão, inglês ou americano, de camiseta regata, levantando uma barra com pesos.

Por fim, visitamos a Seoul National University, considerada a melhor universidade da Coréia. Chama atenção a semelhança com tradicionais universidades dos EUA, a exemplo de Harvard, Princeton e o MIT. As salas de aula são em estilo anfiteatro, com aquelas lousas que podem ser substituídas. Os alunos que nos receberam utilizavam uniforme com o brasão da universidade.

3. Harmonia entre os Valores Ocidentais e a Cultura Tradicional

Conforme relatamos acima, houve um processo de ocidentalização na Coréia do Sul. Porém, os valores ocidentais não desfiguraram as tradições coreanas que continuam vivas e fortemente presentes no dia-a-dia do povo coreano. A tradição convive de forma harmônica com os valores do Ocidente. Lembrando Oswald de Andrade com a Antropofagia, os coreanos “absorveram, mastigaram e digeriram” a cultura ocidental, adaptando-a a sua realidade.

4. A importância de se valorizar a Cultura

Para finalizarmos, o que mais nos impressionou e emocionou na Coréia foi ver o amor e o orgulho que os coreanos têm da sua cultura. Isto não é algo de hoje, em que o país é desenvolvido e rico, mas uma coisa desde sempre. Nos piores momentos de sofrimento e aflições da história coreana ─ guerras, dominação e humilhação estrangeiras ─ o povo coreano nunca deixou de amar a sua cultura e nunca perdeu a auto-estima.

A nossa visão é a de que as transformações econômicas dos últimos 40 anos, que fizeram da República da Coréia um país desenvolvido com alto padrão de qualidade de vida para seu povo, só foram possíveis na medida em que a paixão e o orgulho pela própria cultura forneceram o combustível essencial para a construção de um novo país. Acreditamos que nós brasileiros temos muito a aprender com os coreanos. Precisamos dar valor à nossa cultura e ao nosso povo e deixar de olhar sempre para baixo, achando que os outros povos são melhores do que nós. Só assim teremos ânimo e força para construirmos um país melhor. Quem não é apaixonado e não se orgulha das suas tradições e valores não possui auto-estima e fica sem alma. Cultura é a essência da vida.

[1] Por “núcleo central” entendemos pai, mãe e filhos, pois na Ásia, em geral, a organização familiar difere dos países do Ocidente, de formação cultural judaico-cristã. As famílias asiáticas são numerosas e funcionam como clãs, estando organizadas em uma extensa rede de relacionamentos.

[2] SERVIÇO Exterior de Informações sobre a Coréia. Informações sobre a Coréia. Seul: 2004, p.161.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O sr. Mercado

A melhor explicação [1] para entendermos a dinâmica irracional e esquizofrênica do mercado de ações [2] foi elaborada por Benjamim Graham, professor de finanças da Universidade de Columbia, brilhante investidor e autor dos clássicos “Security Analysis” e “The Intelligent Investor”, na primeira metade do século XX.

De acordo com ele, o mercado é irracional, porque é formado por pessoas que são muito mais propensas a tomarem decisões com base nas emoções do que na racionalidade.

Mas vejamos agora uma história que Graham criou para entendermos o funcionamento do mercado.

Imaginemos que somos donos de um negócio e temos um sócio, o “sr. Mercado”. Este sujeito está disposto todos os dias a nos vender a sua parte por determinado preço, mas ao mesmo tempo nos faz ofertas para a compra de nossa parte. Temos total liberdade para aceitar ou não às propostas diárias deste senhor.

Como o “sr. Mercado” é emocionalmente instável e pouco racional, alterna períodos de euforia e otimismo excessivo com outros de depressão profunda e grande pessimismo. No primeiro estado de humor, por enxergar apenas perspectivas muito positivas para o seu negócio e a economia em geral, ele deseja vendê-lo a nós por um preço elevado. Por outro lado, quando está depressivo e pessimista, não conseguindo ver nada além de tempos ruins pela frente, o “sr. Mercado” oferece-nos um preço bastante baixo pela compra da nossa participação na empresa, caso queiramos vendê-la.

Segundo Graham, devemos evitar seguir a vontade do mercado, descrita no parágrafo anterior, porque temos enormes chances de sofrer prejuízo financeiro, na medida em que invariavelmente aos tempos de euforia e otimismo exagerado seguem-se aqueles de depressão e pessimismo, vice-versa.

Os momentos de valorização e alta da bolsa são para a realização de lucros com a venda das ações. Já os períodos de instabilidade, crise e recessão econômicas são para a compra do maior número possível de ações, pois os seus preços se depreciam e elas ficam baratas. Em um momento seguinte de recuperação da economia, há um elevado potencial de valorização para estes títulos.

Em resumo, saibamos aproveitar as oportunidades que o mercado nos traz, sem no entanto, deixar-nos influenciar por ele.
Abraços,
Dudu

[1] As idéias que apresento neste texto aplicam-se principalmente a ações de empresas blue chips.

[2] Definição de Mercado de Ações: conjunto de agentes econômicos (pessoas, empresas, corretoras, fundos de investimento, fundos de pensão etc) que negociam (compra e venda) ações de forma regulada e organizada, normalmente por meio das Bolsas de Valores.

domingo, 14 de junho de 2009

Comida chinesa na liberdade

Adoro comida chinesa e japonesa. Hoje, irei almoçar no restaurante chinês “Rong He Massa Chinesa” na Liberdade. É um dos melhores do bairro. Sua especialidade são os pratos de massa. Nele, come-se um dos melhores yakisobas de SP, a um preço médio de R$30 a R$35,00 por pessoa com 2 bebidas mais uma entrada. A porção de yakisoba é tão farta, que 2 a 3 pessoas comem super bem. Excelente custo-benefício. A preparação ao vivo da massa pelo cozinheiro é uma atração à parte. Há um vidro que separa a cozinha do salão das mesas e dele se enxerga os seus cozinheiros a todo vapor. Para quem vai almoçar lá no fim de semana, prepare-se para esperar por um mesa de 30 min. a 1 hora, pois vive cheio. Mas vale muito à pena a espera, porque a comida é espetacular. O telefone e o endereço são:

Rong He Massa Chinesa
Rua da Glória, 622-A - Liberdade - São Paulo - SP Tel: (11) 3275-1986

Abraços,

sábado, 13 de junho de 2009

Correr no frio: o desafio dos 10 minutos

Lembram das temperaturas da manhã de 9 a 11ºC que tivemos há uns dias atrás aqui em SP? Pois é, lá estava eu de pé cedinho, treinando nesse frio louco. Se sair da cama já foi um desafio, superação maior sempre são os primeiros 10 minutos de corrida. Este é o tempo que o meu corpo mais ou menos leva para aquecer. Parece uma eternidade! Eu sempre tento me concentrar na música que estou ouvindo ou focar a minha mente em algum assunto. Assim, os minutos passam mais rápido. E depois que o corpo esquentou tudo vai bem, a corrida flui naturalmente.

Há corredores que no frio usam casacos leves de tecido Dryfit, luvas, calças especiais de corrida e tocas. Eu já tentei usar estes acessórios, mas para mim eles não funcionam, pois me incomodam. Gosto mesmo de correr de camiseta Dryfit e bermuda.

Eu não gosto do frio para correr, mas muito pior que o frio é não treinar.

Quando não corro nos dias que programei os treinos, seja por qual motivo for, não tenho a mesma disposição e energia dos dias nos quais começo com uma boa corrida.

Mas voltemos aos treinos no frio.

No verão, o Parque Ibirapuera sempre está cheio de corredores, um mar de gente. Aí, quando você vai treinar lá em dias gelados, principalmente nos horários que fazem um frio de rachar, só vemos alguns “gatos pingados”. E as pessoas que passam de carro nas avenidas adjacentes ao Parque olham para você com aquela expressão de “o que esse maluco tá fazendo aqui nesse frio???!!”. Mal sabem elas o prazer que temos na corrida.

Só quem é corredor sabe o quanto o nosso esporte é especial e nos traz tantos benefícios. Ele nos estimula a buscar uma superação constante dos nossos limites, ele nos coloca em contato direto com os nossos pensamentos (sabiam que algumas das melhores idéias que já tive surgiram enquanto corria??), ele nos fortalece e nos torna saudáveis não só fisicamente, mas também psicologicamente. Enfim, paremos por aqui, pois os benefícios da corrida é assunto para um futuro post.

Por isso, com frio ou sem frio, não deixem a sua corrida de lado!

Abraços,